sexta-feira, 11 de maio de 2012

Zohar - A Rosa

A ROSA
1. Rabi Hizkiyah abriu (começou): “Está dito, como uma rosa entre espinhos”
(Shir
HaShirim – Cântico dos Cânticos 2,2). Ele pergunta, “O que representa uma rosa?” E responde, “É a Assembleia de Israel, que significa Malchut. Pois há uma rosa, e há uma rosa. Assim como uma rosa entre espinhos tem as cores vermelha e branca, a Assembleia de Israel (Malchut) consiste de julgamento e misericórdia. Assim como uma rosa tem treze pétalas, assim também a Assembleia de Israel consiste de treze propriedades de misericórdia, circundando-­‐a por todos os lados. Afinal de contas, Elokim (o nome do Criador que alude à Sua atitude para com os inferiores pela força do julgamento, como está escrito, ‘No princípio, Elokim criou’ (a primeira sentença da Torá), no princípio (inicialmente) quando Ele refletiu, criou treze palavras para cercar a Assembléia de Israel e protegê-­‐la, que são: O, CÉU, E-­‐A, TERRA, E-­‐A TERRA, ESTAVA, VAZIA, E-­‐CAÓTICA, E-­‐AS TREVAS, SOBRE, A FACE, DO ABISMO, E-­‐O ESPÍRITO, até a palavra Elokim” (em hebraico, a conjunção “e” é ligada à palavra seguinte; portanto, o grupo assim formado é considerado uma só palavra) 

Como seu objeto de estudo, a Cabala toma a única criação, a única coisa que existe além do Criador― o proprio homem, ou o “eu”, e o investiga. Esta ciência divide o ser em partes, explica a estrutura e as propriedades de cada uma e a finalidade de sua criação. A Cabala explica como cada parte da pessoa, chamada “a alma”, pode ser mudada de modo a se alcançar o objetivo da criação, o estado desejado por ambos, o Criador e o próprio homem, contanto que este último o perceba. 

Não existe no mundo uma ciência que possa descrever, seja gráfica ou analiticamente, mediante o uso de fórmulas, nossas sensações e desejos, e quão diversos e multifacetados eles são. Isto é, quão instáveis, imprevisíveis e absolutamente distintos eles são em cada um. Isto é porque nossos desejos emergem em nossa mente e sensações em uma ordem gradual, em uma certa sequência, de modo que possamos reconhecê-­‐los e corrigi-­‐los. 

Nosso ser é nossa essência, o único fator que caracteriza um indivíduo. No entanto, ele está em constante mudança e o que permanece é meramente uma casca externa animada. Por isso se diz que o homem nasce novamente a cada momento. Porém, se assim é, como encararíamos um ao outro e como nós próprios nos veríamos? Como seria possível “estabilizar” algo dentro e fora de nós se estamos mudando constantemente, e tudo o que percebemos é uma função do nosso estado interior? 

O Criador é a fonte de Luz (prazer). Os que se aproximam Dele O sentem como tal. Essas pessoas, que se aproximam do Criador e, dessa forma, O sentem, são chamados Cabalistas (do verbo Lekabel – receber a Luz do Criador). Só podemos nos aproximar do Criador através da equivalência de desejos. O Criador é incorpóreo e só pode ser sentido com nosso coração. Naturalmente, o que se quer dizer por “coração” não é o músculo que bombeia o sangue por nossas veias, mas o centro de todas as sensações do homem. 

Contudo, não se pode sentir o Criador simplesmente com o coração, mas apenas com um pequeno ponto nele. E para sentir esse ponto, cada um deve desenvolvê-­‐lo por si. Quando alguém desenvolve e expande esse ponto, a sensação do Criador, de Sua Luz, pode penetrá-­‐lo.
Nosso coração é a soma de nossos desejos egoístas e o pequeno ponto em seu interior é parte do desejo espiritual e altruísta implantado das Alturas pelo próprio Criador. É nossa tarefa nutrir esse embrião de um desejo espiritual, a tal ponto que este (e não nossa natureza egoísta) venha a determinar todas as nossas aspirações. Ao mesmo tempo, o desejo egoísta do coração se renderá, se contrairá, murchará e diminuirá. 

Tendo nascido neste nosso mundo, a pessoa é obrigada a mudar seu coração, de egoísta para altruísta, enquanto aqui viver. Este é o propósito de sua vida, a razão por trás de seu aparecimento neste mundo, e a finalidade de toda a criação. Uma completa substituição de desejos egoístas por altruístas é chamada “o Fim da Correção”. Cada indivíduo e toda a humanidade devem alcançá-­‐lo neste mundo juntos. Até que consiga isso, ele continuará a nascer neste mundo. A Torá e todos os profetas falam exclusivamente disso. O método de correção é chamado “Cabala”. 

Só pode mudar seus desejos, quem quiser mudá-­‐los. O homem é criado como um egoísta absoluto; ele não pode adotar desejos diferentes de outras pessoas, nem do mundo que o cerca – pois todos ao seu redor são exatamente iguais a ele – nem tem qualquer vínculo com os mundos espirituais, pois tal vínculo só é possível através de propriedades mútuas. O espiritual só pode ser percebido em desejos altruístas. 

Por conseguinte, um indivíduo em nosso mundo não tem oportunidade de transcender os limites deste mundo por si só. É por isso que nos foi dada a Torá e sua parte mais efetiva, a Cabala – para ajudar o homem a alcançar os desejos dos mundos espirituais. 

A fim de criar o homem distanciado Dele, de modo que tivesse consciência de sua insignificância e chegasse por si só ao desejo de elevar-­‐se, o Criador concebeu toda a criação em forma de degraus descendentes a partir Dele. A Luz do Criador desceu por esses degraus e, no mais baixo deles, criou o nosso mundo e, neste, o homem. Ao perceber sua insignificância e desejando ascender ao Criador, o homem (na medida em que almeje aproximar-­‐se do Criador) sobe pelos mesmos degraus por onde se deu sua descida inicial.

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